Opinião | Paulo Araújo

Construindo soberania monetária em África com Bitcoin

Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse no potencial do Bitcoin e outras moedas digitais para aumentar a inclusão financeira e capacitar indivíduos e empresas em África. Com muitos países africanos a lutarem contra altas taxas de inflação, acesso limitado a serviços financeiros e falta de soberania monetária devido ao controlo concentrado de jogadores internacionais específicos, há uma necessidade de soluções inovadoras que possam ajudar a construir resiliência monetária. Este artigo explora o papel potencial do Bitcoin nas economias africanas e como ele poderia contribuir para uma maior independência e resiliência monetária.

A Bitcoin é uma moeda digital que opera utilizando tecnologia blockchain. A blockchain é um livro-razão descentralizado que regista todas as transações feitas usando Bitcoin. Ele utiliza técnicas de criptografia para garantir a segurança e integridade do sistema. Quando é feita uma transação Bitcoin, ela é verificada por uma rede de usuários chamada "nodes". Esses nodes utilizam algoritmos complexos para verificar a transação e adicioná-la ao blockchain. Uma vez que uma transação é verificada e adicionada ao blockchain, ela não pode ser alterada ou excluída. A blockchain permite um alto nível de transparência e segurança no sistema Bitcoin. Ele garante que todas as transações sejam registradas e que não há uma autoridade central controlando o sistema, tornando o Bitcoin um sistema descentralizado.

A Lightning Network é uma tecnologia que permite transações Bitcoin mais rápidas e eficientes. É um protocolo de camada 2 construído em cima do blockchain Bitcoin, que permite transações quase instantâneas com taxas mais baixas. A Lightning Network funciona criando canais de pagamento entre usuários, o que lhes permite transacionar entre si sem a necessidade de registrar cada transação no blockchain Bitcoin. A Lightning Network tem o potencial de tornar o Bitcoin mais acessível e utilizável para transações diárias.

Enviar remessas para países africanos pode ser um fardo para famílias e indivíduos que dependem dessas transferências. De acordo com o Banco Mundial, algumas taxas podem chegar a 25%, sendo a Tanzânia o país com o custo mais alto. A Nigéria e Angola também enfrentam altas taxas, com custos que chegam a 19% e 14,3%, respectivamente. Altas taxas tornam difícil para as pessoas acessarem seu próprio dinheiro e limitam a quantidade que pode ser enviada, impactando sua qualidade de vida.

O recente anúncio do aplicativo Bitcoin CoinCorner sobre o lançamento da sua funcionalidade "Send Globally" para seus clientes da UE e do Reino Unido é um desenvolvimento significativo para as remessas africanas. A CoinCorner se associou ao aplicativo africano Bitnob, que usa a Lightning Network para preencher a lacuna entre os cidadãos locais e as pessoas nos EUA, UE e Reino Unido com seu protocolo de sobreposição de moeda peer-to-peer para pagamentos rápidos e baratos. Essa parceria vem logo após uma parceria semelhante com a Strike, que lançou sua funcionalidade Send Globally para seus usuários nos EUA, permitindo que eles transfiram dinheiro instantaneamente para contas bancárias na Nigéria, Gana e Quênia com taxas mínimas, fornecendo uma alternativa muito necessária aos métodos de transferência tradicionais caros e ineficientes. Com a capacidade da Bitcoin de permitir transferências de moeda fiduciária instantâneas e baratas para a África, essa parceria tem o potencial de ter um impacto significativo na vida de milhões de pessoas.

A Lightning Network tem o potencial de revolucionar a maneira como as pessoas transferem e enviam micro valores através das fronteiras. Como mostrado no vídeo, a Lightning Network torna possível enviar tão pouco quanto 1 PESO (0,018 USD) dos Estados Unidos para as Filipinas, o que anteriormente não era economicamente viável devido às altas taxas de transação. Com a Lightning Network, as transações são quase instantâneas e as taxas são significativamente mais baixas, tornando mais fácil e acessível para indivíduos enviar e receber pequenas quantias de dinheiro através das fronteiras. Isso tem o potencial de beneficiar grandemente aqueles que dependem de remessas para sua subsistência, especialmente em países em desenvolvimento com acesso limitado a serviços financeiros tradicionais.

Apesar dos potenciais benefícios da Lightning Network, existem vários argumentos contra sua adoção em certos países. Em primeiro lugar, a implementação da Lightning Network requer um certo nível de conhecimento técnico, que muitos países podem não possuir, tornando difícil a adoção da tecnologia. Em segundo lugar, a Lightning Network requer uma conexão de internet confiável e uma rede Bitcoin bem-funcionante, o que pode ser um desafio para países com infraestrutura deficiente. Em terceiro lugar, o ambiente regulatório para o Bitcoin e a Lightning Network ainda está evoluindo em muitos países, tornando os governos hesitantes em adotar novas tecnologias que não são completamente entendidas ou regulamentadas. Por fim, a adoção da Lightning Network pelos comerciantes pode levar tempo, pois eles precisarão se familiarizar com novos canais de pagamento e tecnologias, o que pode prejudicar seus efeitos de rede e crescimento.

Em conclusão, a tecnologia da Lightning Network está a trazer uma maior competitividade aos métodos tradicionais de transferência de dinheiro, enquanto reduz os custos para os indivíduos e oferece aos bancos opções adicionais para transferências de dinheiro. Com a capacidade de facilitar transações rápidas e eficientes, a Lightning Network tem o potencial de revolucionar a forma como o dinheiro é transferido em todo o mundo, especialmente em regiões com acesso limitado a serviços financeiros tradicionais. À medida que mais empresas adotam a tecnologia da Lightning Network, espera-se que mais indivíduos e países beneficiem da inovação nos pagamentos digitais.

Paulo Araújo

Luanda, Angola
15  de Março de 2023

Opinion | Paulo Araújo

Building Monetary Sovereignty in Africa with Bitcoin

In recent years, there has been a growing interest in the potential of Bitcoin and other digital currencies to increase financial inclusion and empower individuals and businesses in Africa. With many African countries struggling with high inflation rates, limited access to financial services, and lack of monetary sovereignty due to specific international players concentrated control, there is a need for innovative solutions that can help build monetary resilience. This article explores the potential role of Bitcoin in African economies and how it could contribute to greater monetary independence and resilience.

Bitcoin is a digital currency that operates using blockchain technology. The blockchain is a decentralized ledger that records all transactions made using Bitcoin. It uses cryptography techniques to ensure system security and integrity. When a Bitcoin transaction is made, it is verified by a network of users called "nodes". These nodes use complex algorithms to verify the transaction and add it to the blockchain. Once a transaction is verified and added to the blockchain, it cannot be changed or deleted. The blockchain allows for a high level of transparency and security in the Bitcoin system. It ensures that all transactions are recorded and that there is no central authority controlling the system, making Bitcoin a decentralized system.

The Lightning Network is a technology that enables faster and more efficient Bitcoin transactions. It is a layer 2 protocol built on top of the Bitcoin blockchain, which allows for near-instant transactions with lower fees. The Lightning Network works by creating payment channels between users, allowing them to transact with each other without the need to record every transaction on the Bitcoin blockchain. The Lightning Network has the potential to make Bitcoin more accessible and usable for daily transactions.

Sending remittances to African countries can be a burden for families and individuals who depend on these transfers. According to the World Bank, some fees can reach up to 25%, with Tanzania being the country with the highest cost. Nigeria and Angola also face high fees, with costs reaching 19% and 14.3%, respectively. High fees make it difficult for people to access their own money and limit the amount that can be sent, impacting their quality of life.

The recent announcement by Bitcoin app CoinCorner about the launch of its "Send Globally" feature for its EU and UK customers is a significant development for African remittances. CoinCorner has partnered with Africa-based Bitcoin app Bitnob, which uses the Lightning Network to bridge the gap between local citizens and people in the US, EU, and UK with its peer-to-peer currency overlay protocol for fast and cheap payments. This partnership comes shortly after a similar partnership with Strike, which launched its Send Globally feature for its users in the US, allowing them to instantly transfer money to bank accounts in Nigeria, Ghana, and Kenya with minimal fees, providing a much-needed alternative to expensive and inefficient traditional transfer methods. With Bitcoin's ability to allow for instant and cheap fiat currency transfers to Africa, this partnership has the potential to make a significant impact on the lives of millions of people.

The Lightning Network has the potential to revolutionize the way people transfer and remit micro amounts across borders. As shown in the video the Lightning Network makes it possible to send as little as 1 PESO (0.018 USD) from the United States to the Philippines, which was previously not economically viable due to high transaction fees. With the Lightning Network, transactions are almost instant and fees are significantly lower, making it easier and more accessible for individuals to send and receive small amounts of money across borders. This has the potential to greatly benefit those who rely on remittances for their livelihoods, particularly in developing countries with limited access to traditional financial services.

Despite the potential benefits of the Lightning Network, there are several arguments against its adoption in certain countries. Firstly, the implementation of the Lightning Network requires a certain level of technical expertise, which many countries may not possess, making it difficult for them to adopt the technology. Secondly, the Lightning Network requires a reliable internet connection and a well-functioning bitcoin network, which can be a challenge for countries with deficient infrastructure. Thirdly, the regulatory environment for bitcoin and the Lightning Network is still evolving in many countries, making governments hesitant to adopt new technologies that are not fully understood or regulated. Finally, the adoption of the Lightning Network by merchants may take time, as they will need to familiarize themselves with new payment channels and technologies, which can impair their network effects and growth.

In conclusion, the Lightning Network technology is bringing greater competitiveness to traditional money transfer methods, while reducing costs for individuals and offering banks additional options for money transfers. With the ability to facilitate fast and efficient transactions, the Lightning Network has the potential to revolutionize the way money is transferred around the world, especially in regions with limited access to traditional financial services. As more companies adopt Lightning Network technology, it is expected that more individuals and countries will benefit from innovation in digital payments.

Paulo Araújo

Luanda, Angola
15  of March 2023